sábado, 31 de março de 2018

Óbvio


É preciso perder para ganhar.
Foi assim que ouvi todas aquelas frases marcantes de autoajuda que sempre fui contra a acreditar, portanto, estava flexível. O negócio de bebidas estava em uma situação complicada, altos e abusivos impostos marcados pelo governo e pelos traficantes de rota.
Por um instante estava perdendo, mas será que estou ganhando?
Bela reflexão!
É preciso confessar, você que está lendo aí, que não tem nada para fazer.
Precisei perceber que para ganhar o MUNDO tive que me perder, perder-me a tal ponto de conseguir meu equilíbrio cortejando a insanidade.
Nessas alucinações de insanidade, te vi bem longe. Em um passado que estavas prestes a nem lembrar, mas tem coisas em nossas vidas que são piores que marcações em animais, são marcadores de alma, e como desmarcar o que não se vê?
Que belo futuro sonhaste para você, isso sempre dizia meu pai, afinal sou formado em contabilidade, só que percebi que o caminho das pedras só serve para uma falsa ética que é empregada na cabeça daqueles que querem seguir o obvio, e eu sempre precisei de um pouco de atenção, e logo que me envolvi na profunda confusão, claro, na adolescência idolatrava os bandidos, ouvia e vi, contos de televisão de Pablo Escobar e vi que não temos muito de diferente daquele que queremos sempre julgar.
No final de tudo é sempre o pão de cada que você almeja para si mesmo.
O problema é que todos perceberam o contador que me tornei, um contador de meu próprio crime e de minha própria história, mas não fazia isso apenas pelo dinheiro, dinheiro é bom, porém é apenas uma ferramenta para um objetivo maior.
As histórias que pude viver com todas essas regalias.
Essa tal consciência que é foda!
Nunca fui muito bom em palavras ditas, quer dizer, sou introspectivo nato, e eu gosto disso.
Se as pessoas pudessem perceber o quanto observar te deixa em uma posição de poder, e palavras ditas, são apenas para uma mera confusão que muitos insistem em se perder.
O convívio é complicado, posso confessar aqui para você que está lendo, que todo adolescente carrega dentro de si um amor tão puro e capaz de mover o Everest ao chão com tanta certeza da ingenuidade, a vida adulta é marcada por tanto medo, como uma criança que está prestes a andar pela primeira vez, difícil né. Crescemos em um convívio de medo.
Culpa nossa talvez, por não deixar a caverna que sempre admiramos no conto de Platão, mas essa caverna dentro de nós que nos impede de voar, a vida não pode ser um mero intervalo entre nascer e morrer, a pessoas que morrem antes de sequer nascer. Você morre quando deixa de amar, por que o amor move todas as coisas, inclusive sonhar. Peço um intervalo para dizer que antes de tornar-me contador da minha própria história, tinha me tornado assassino de minhas emoções, como bem disse em alguns parágrafos anteriores, os marcadores de alma são difíceis de desafixar, por que eles entram no teu subconsciente e te entopem por onde é mais frágil.


Rafael B.